Nazareth Pacheco
Nazareth Pacheco e Silva (São Paulo SP 1961).
Artista visual. Cursa artes plásticas na Universidade Presbiteriana Mackenzie, entre 1981 e 1983. Realiza sua primeira mostra individual, no Espaço Cultural Julio Bogoricin, em São Paulo, em 1985. Inicia suas experiências com ready-mades após participar, em 1986, de workshop ministrado por Guto Lacaz (1948). Viaja para Paris em 1987, e freqüenta o ateliê de escultura da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes]. Em 1989, obtém o prêmio aquisição no 11° Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro, e participa da 20ª Bienal Internacional de São Paulo. Entre 1990 e 1991, participa de workshops com Iole de Freitas (1945), Carmela Gross (1946), José Resende (1945), Amilcar de Castro (1920-2002), Nuno Ramos (1960) e Waltercio Caldas (1946). Defende na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) a dissertação Objetos Sedutores, com orientação de Carlos Fajardo (1941) em 2002. É lançado o documentário sobre sua obra Gilete Azul, realizado pela psicanalista Miriam Schnaiderman, em 2003.
Comentário Crítico
Nazareth Pacheco, desde o início de sua trajetória, volta-se ao campo tridimensional. Suas primeiras peças são realizadas em borracha, e apresentam pinos pontiagudos do mesmo material. Para o historiador da arte Tadeu Chiarelli, elas já revelam uma carga de agressividade, por sua semelhança com objetos de tortura.
Em 1992 e 1993, a artista realiza os Objetos Aprisionados, compostos por uma série de caixas que contêm objetos e documentos de caráter autobiográfico, alguns relativos a tratamentos médicos e estéticos a que ela esteve submetida, reunindo fotos, radiografias, relatórios, frascos e chumbo. Segundo a estudiosa Elizabeth Leone, nos anos seguintes sua reflexão extrapola a questão pessoal e passa a considerar o corpo feminino como lugar de práticas médicas que visam adaptá-lo a “aprimoramentos estéticos”.
No final da década de 1990, a artista começa a agregar metais, como filetes de aço, cobre e latão, aos trabalhos em borracha. Passa a confeccionar peças com objetos que não podem ser tocados, unindo miçangas ou cristais de vidro a agulhas, lâminas de bisturis ou de barbear e anzóis, criando com eles adornos e vestimentas. Inicia também as pesquisas com um novo material, o acrílico cristal, projetando objetos como bancos ou berços, aos quais agrega instrumentos cortantes