Anita Malfatti
Anita Malfatti (1889-1964)
Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. Inicia seu aprendizado artístico com a mãe, Bety Malfatti (1866 – 1952). Devido a uma atrofia congênita no braço e na mão direita, utiliza a esquerda para pintar. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira Tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, freqüenta por um ano a Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim, e posteriormente estuda com Fritz Burger-Mühlfeld (1867 – 1927), Lovis Corinth (1858 – 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Nesse período também se dedica ao estudo da gravura. De 1915 a 1916 reside em Nova York e tem aulas com George Brant Bridgman (1864 – 1943), Dimitri Romanoffsky (s.d. – 1971) e Dodge, na Arts Students League of New York, e com Homer Boss (1882 – 1956), na Independent School of Art. Sua primeira individual acontece em São Paulo, em 1914, no Mappin Stores, mas é a partir de 1917 que se torna conhecida quando em uma exposição protagonizada pela artista – em que também expunham artistas norte-americanos – recebe críticas de Monteiro Lobato (1882 – 1948) no artigo A Propósito da Exposição Malfatti, mais tarde transcrito em livro com o título Paranóia ou Mistificação? Em sua defesa, Oswald de Andrade publica, em 1918, artigo no Jornal do Comércio. Estuda pintura com Pedro Alexandrino (1856 – 1942) e com Georg Elpons (1865 – 1939) exercita-se no modelo nu. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna expondo 20 trabalhos, entre eles O Homem Amarelo (1915/1916) e integra, ao lado de Tarsila do Amaral (1886 – 1973), Mário de Andrade (1893 – 1945), Oswald de Andrade (1890 – 1954) e Menotti Del Pichia (1892 – 1988), o Grupo dos Cinco. No ano seguinte, recebe bolsa de estudo do Pensionato Artístico do Estado de São Paulo e parte para Paris, onde é aluna de Maurice Denis (1870 – 1943), freqüenta cursos livres de arte e mantém contatos com Fernand Léger (1881 – 1955), Henri Matisse (1869 – 1954) e Tsugouharu Foujita (1886 – 1968). Retorna ao Brasil em 1928 e leciona desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê. Na década de 1930, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna – SPAM, a Família Artística Paulista – FAP e participa do Salão Revolucionário. A primeira retrospectiva acontece em 1949, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp. Em 1951, participa do 1º Salão Paulista de Arte Moderna e da 1ª Bienal Internacional de São Paulo.
Anita Malfatti inicia, bem jovem, o aprendizado em artes com a mãe, Bety Malfatti (1866 – 1952). Aos 20 anos, procura aperfeiçoar seus estudos na Europa. Graças à ajuda financeira de seu tio Jorge Krug, consegue mudar-se para Alemanha e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes de Berlim. Nessa cidade a artista ganha familiaridade com as coleções dos museus e das galerias. A Alemanha, em 1910, vive uma efervescência do expressionismo, que mobiliza a produção nacional e o debate em torno dela.
No primeiro ano, Anita toma contato com toda a agitação modernista, visitando as exposições com grande curiosidade, mas seus estudos são ainda bastante tradicionais. Na academia ela tem aulas de desenho, perspectiva e história da arte. O interesse pelas novas linguagens se amplia nas aulas particulares que tem com o professor Fritz Burger-Mühlfeld (1867 – 1927). Este artista, ligado ao pós-impressionismo alemão, lhe oferece possibilidades artísticas além das abordagens tradicionais. A presença do modernismo em sua formação é acentuada nos cursos com Lovis Corinth (1858 – 1925) e Ernst Bischoff-Culm. Em 1912, ao visitar a grande retrospectiva de arte moderna Sonderbund em Colônia, Anita já se familiarizara com a produção moderna. Nos retratos pintados pela artista no período transparecem o aprendizado das novas poéticas. O contorno clássico prevalece, mas as cores são usadas de modo expressivo, demonstram uma movimentação maior e mais contrastada que a do desenho. Embora não entrem em conflito com as formas, é perceptível que os elementos operam em dinâmicas distintas. Anita expõe esses quadros em sua primeira individual, em 1914, depois de retornar a São Paulo.
A Semana de Arte Moderna, mais uma vez, movimentou a vida artística insípida de São Paulo. Anita participou dela com 22 trabalhos. Uma vez que o círculo modernista vinha de encontro com suas aspirações artísticas, ela entraria também para o grupo dos cinco.
No final de setembro de 1928, Anita já se encontrava no Brasil. O ambiente artístico encontrado por Anita na volta era diferente do que deixara em 1923; o grupo inicial evoluíra, surgiam novos adeptos e novos movimentos. O número de artistas plásticos também crescera.
Na chegada, Mário de Andrade noticiou imediatamente sua chegada, relembrando quem ela era.
Em 1929 abria em São Paulo sua quarta individual. Depois de fechar sua exposição, até 1932, Anita dedicou-se ao ensino escolar. Retomou suas aulas na Escola Normal Americana e foi trabalhar também na Escola Normal do Mackenzie College. Em 1933, muda-se para a Rua Ceará, no bairro de Higienópolis, onde instala seu ateliê e dá aulas, inclusive para Oswald de Andrade Filho, onde permanece até 1952, com a venda da casa, com a morte de sua mãe.[6]
Em 1964, na cidade de São Paulo, Anita Malfatti morre.